Comemorações do 25 de Abril | 2020
Na sequência do cancelamento das comemorações oficiais do 25 de Abril no Concelho de Oliveira do Bairro, decidido pelo Presidente da Mesa da Assembleia Municipal, no âmbito da pandemia da COVID-19, partilhamos em baixo as mensagens dos líderes de bancada dos partidos representados nesse orgão.
A criação desta página e a publicação destas mensagens foi a forma que Francisco de Oliveira Martins encontrou para assinalar a data, respeitando as recomendações da Direção-Geral de Saúde.
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Francisco de Oliveira Martins
Presidente da Assembleia Municipal
Caros/as Concidadãos/ãs, Munícipes de Oliveira do Bairro.
Um cumprimento caloroso a todos e a cada um dos presentes neste espaço virtual.
Um modo diferente através do qual queremos ir e estar próximos de cada munícipe concidadão/ã.
Hoje, comemoramos a ‘Revolução de abril de 1974’. Não prescindimos da comemoração da aurora daquele dia inaudito, memória da Liberdade conquistada pelos ‘capitães de abril’ para todo o povo português, independentemente, da sua condição social, económica ou política, religiosa ou étnica. E que nos questionemos e entendamos bem, com a mente e o coração abertos, o que é a liberdade, pois «a prisão não são as grades e a liberdade não é a rua. Existem homens presos na rua e livres na prisão» Gandhi.
Como lemos no preâmbulo da Constituição da República Portuguesa: «a 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista. Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa. A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais.»
A ‘Revolução de abril’ é acontecimento da história de Portugal gravado e presente na memória da sociedade portuguesa, enquanto marco de mudança, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo e deu início a um processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático e com a entrada em vigor da nova Constituição Portuguesa a 25 de abril de 1976.
Hoje, 25 de abril de 2020, fazemos memória actualizada e consciente daquele momento histórico de um modo diferente, quase ‘revolucionário’, que queremos que permaneça vivo e perene, pois a liberdade como «a eternidade não se mede pela duração, mas pela intensidade com que vivemos» (Vergílio Ferreira) e, porque, nem a luta pela liberdade terminou.
Comemoramos o 25 de abril em contexto de um tempo novo e excecional em que vivemos confinados a nossas casas e num preventivo isolamento social, num espaço a que pertencemos e habitamos e que agora se revela com novos contornos em período da pandemia do COVID-19, que alterou radicalmente o modo de estar e de viver de cada um de nós.
Um tempo desafiante a convidar a redescobrirmo-nos e a reinventarmo-nos em humanidade, pessoal e socialmente. E na dimensão social, o exercício da liberdade responsável e da participação ativa na construção de uma sociedade melhor, prerrogativas de todos os cidadãos, são potenciadas naqueles que eleitos pelo povo, de forma livre e democrática, assumem funções no exercício do poder local público na proximidade de todos e para o bem de todos nós, sem exceções ou discriminações.
Com a situação da pandemia do COVID-19, a liberdade, a democracia e o poder local não foram suspensas. Antes, pedem-nos, exigem-nos novos enfoques de interpretação/leitura da realidade social, político-económica e cultural; criatividade e ousadia política, capacidade de escrutinar através de diálogo construtivo, transparente e sem agendas ocultas, o caminho a seguir e garantir a autonomia interdependente dos órgãos do poder local: o Executivo Municipal na promoção e salvaguarda dos interesses próprios das suas populações; e a Assembleia Municipal através a apreciação, deliberação e fiscalização das decisões políticas no enquadramento do poder local.
A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. À luz da nossa Constituição, existem duas grandes categorias de direitos fundamentais: os direitos, liberdades e garantias, por um lado, e os direitos e deveres económicos, sociais e culturais, por outro. Olhamos para os primeiros — por exemplo, o direito à liberdade e à segurança, à integridade física e moral, à propriedade privada, à participação política e à liberdade de expressão, a participar na administração da justiça — correspondem ao núcleo fundamental da vivência numa sociedade democrática. Independentemente da existência de leis que os protejam são sempre invocáveis, beneficiando de um regime constitucional específico que dificulta a sua restrição ou suspensão.
Sugerem-nos estas reflexões sobre os direitos e liberdade fundamentais conquistados com a ‘Revolução de 1974’ e no contexto de Estado de Emergência devido à pandemia do COVID-19, outros dois apontamentos: o primeiro diz respeito ao programa Parlamento dos Jovens, aprovado pela Resolução n.o 42/2006, de 2 de junho, para o presente ano letivo 2019/2020 sobre o tema: «violência doméstica e no namoro», que dentro do quadro dos direitos e liberdades fundamentais afetam o direito à liberdade e à segurança, à integridade física e moral de cada cidadão, homem e mulher. Os estudos e estatísticas, não só em Portugal como em todo o mundo, indicam que nas situações de violência doméstica a vítima é maioritariamente do sexo feminino e o agressor do sexo masculino; também maioritariamente estas situações têm lugar em relações de intimidade (entre cônjuges ou ex-cônjuges e análogos e entre namorados).
O mundo está em confinamento e o isolamento social é fundamental para combater a pandemia de covid-19, mas além deste inimigo invisível surge um outro: o da violência doméstica. Os especialistas das Nações Unidas chamam à violência doméstica “a epidemia escondida” e as medidas de isolamento social vieram exacerbar as condições para a violência estrutural num espaço que deveria ser de segurança. Defendemos neste período de isolamento social e confinamento a nossas casas, alinhados com o comunicado da ONU, o “aumento do investimento nos serviços online e das organizações da sociedade civil”. Que os governos "ponham a segurança das mulheres em primeiro lugar na resposta à pandemia”. Atentos a esta realidade, damos nota que no nosso Concelho dispomos do Espaço de Apoio à Vítima e do Tribunal da Família.
O segundo apontamento diz respeito, através da analogia da figura dos ‘capitães de abril’, que conquistaram a liberdade para o povo português. Que hoje identifiquemos os ‘novos capitães de abril’ que voltam a lutar e a conquistar a liberdade nestes tempos da pandemia COVID-19, confinados/fechados que estamos em nossas casas. Eles e elas, os ‘novos capitães de abril’ são os profissionais de saúde na frente de batalha no combate, são os profissionais dos lares de idosos, são os pais e as mães em casa a acompanharem os filhos com perdas de rendimentos familiares. A todos queremos deixar a nossa singela homenagem nestas comemorações do 25 de abril de 2020. Possamos, cada um de nós no seu agir pessoal e social, tornarmo-nos ‘capitães de abril’ e interpretando os melhores sentimentos humanos e mais profundos, derrubemos, mais uma vez, os medos e as incertezas provocadas/ditadas pela pandemia do COVID-19.
Deixamos uma mensagem de esperança em tempos de incerteza. A incerteza pode estar nos acontecimentos do mundo e da nossa terra ou nas nossas próprias vidas pessoais, familiares ou profissionais. Desafiamo-nos a dirigir a nossa atenção para o interior e a podermos encontrar a verdadeira esperança que nos dá força para navegar nestes tempos atribulados e encontrar novos sentidos/rumos para as nossas vidas que nunca antes tínhamos descoberto ou tomado consciência.
A incerteza do agora não tem que ser uma inimiga, antes nos tem que ajudar a preparar melhor para encararmos os acontecimentos futuros. Podemos abraçar a incerteza como uma fonte de segurança que nos faz mergulhar e resgatar a melhor versão do ser humano que existe e habita em cada um de nós. A esperança é ativada pelo nosso maior autoconhecimento/autoconsciência e é poderoso guia para a nossa vida nestes tempos desafiantes para toda a humanidade.
Abraçamos a incerteza presente pelo seu potencial criativo, pela sua capacidade de transformar a vida e pela sabedoria escondida atrás do caos aparente que nos transporta para um outro nível de experiência pessoal subjectiva e nos revela um caminho de expansão/crescimento com maior realização e segurança, um forte sentido do eu, do outro e do mundo/universo.
Temos a convição que este novo foco, ancorado numa esperança realista e otimista, nos faz redescobrir recursos interiores e exteriores que nos ajudam a ultrapassar/superar a situação presente e a seguir em frente...
Antes de qualquer função que desempenhamos, somos pessoa, seres humanos. E isto desafia-nos, cidadãos/ãs comuns ou agentes políticos, a alterar as nossas configurações mentais de pensar, interpretar e agir em sociedade, o que no remete para o espaço político, esta arte de dirigir as relações no exercício do poder local ao serviço do bem maior de todos os munícipes.
Concluímos com o sincero desejo que cada intervenção política no espaço público, físico ou virtual, seja um hino ou uma cantiga, uma proclamação, um novo comunicado aos dias de hoje dos valores da ‘Revolução de abril’.
Acreditamos: Vai tudo ficar bem!
Viva o 25 de abril!
Viva a Liberdade!
Viva Oliveira do Bairro!
Viva Portugal!Francisco de Oliveira Martins
Presidente da Assembleia Municipal de Oliveira do Bairro -
André Chambel
Líder de Bancada do CDS na Assembleia MunicipalCaras e Caros Amigos,
Oliveirenses,Estes são dias diferentes e coloca-nos numa posição de expectativa em relação ao futuro próximo.
Estes são tempos de contenção e de proteção individual, familiar e comunitária.
Apesar dos constrangimentos, o Sr. Presidente da Mesa da Assembleia Municipal entendeu, na nossa opinião, e bem, manter, simbolicamente, as Comemorações do 25 de Abril no nosso concelho através da internet.
A impossibilidade de estarmos, fisicamente, presentes nas celebrações, não impede que mantenhamos toda a solenidade e a dignidade do momento. Essa solenidade e a dignidade que pretendemos para esta efeméride colocamo-las nos nossos corações e no agradecimento que reavivamos, a cada momento de liberdade, aos autores dessa madrugada gloriosa.
E se a esses heróis nos devemos reverenciar, outros heróis temos agora de homenagear.
Se os heróis de Abril de 1974 eram militares, os heróis de Abril de 2020 são também combatentes, mas numa outra linha, quiçá tão perigosa como a dos primeiros.
Aos Médicos, Enfermeiros, Farmacêuticos Hospitalares, Auxiliares e Administrativos do Serviço Nacional de Saúde;
Aos Médicos, Enfermeiros e Técnicos do Instituto Nacional de Emergência Médica;
Aos Militares da Guarda Nacional Republicana e aos Agentes da Polícia de Segurança Pública;
Aos Bombeiros Voluntários e Sapadores Bombeiros e aos elementos da Cruz Vermelha;
Aos Membros das Forças Armadas;
Aos funcionários das farmácias e dos estabelecimentos de venda de produtos essenciais.
A todos estes heróis de hoje, o nosso muito obrigado.
Um agradecimento especial aos Funcionários do Município de Oliveira do Bairro.
A eles devemos a prontidão do Município para poderem ser dadas as respostas que estão a ser dadas.
Em tempo de emergência nacional, a nós, políticos, cabe também a responsabilidade de sabermos estar unidos e de cooperarmos uns com os outros.
A democracia não está suspensa porque a liberdade prevalece.
Cabe-nos ser responsáveis.
Viva o 25 de Abril
André Chambel
Líder da Bancada do CDS na Assembleia Municipal
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Nuno Barata
Líder de Bancada do PSD na Assembleia MunicipalEx.mo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Vivemos hoje tempos difíceis e perigosos.
Teremos que percorrer várias gerações para encontrar uma que tenha passado por algo semelhante ao que hoje todos vivemos e cujas consequências ainda não conseguimos sequer prever.
Mas como todas as gerações anteriores souberam vencer dificuldades e adversidades, também nós saberemos vencer esta.
Será sempre assim enquanto soubermos ser perseverantes e resilientes.
Será sempre assim enquanto soubermos ser solidários e cooperantes.
Estas são características identitárias da nossa Nação, deste nosso Portugal quase milenar, e é também por isso que, todos juntos, vamos vencer.
Neste dia comemoramos o 25 de Abril de 1974, dia da reconquista da liberdade. Fazemo-lo desta forma fruto das circunstâncias e são precisamente estas circunstâncias que nos convidam a uma outra reflexão e que tem tudo que ver com o 25 de Abril:
Pelo voto decidimos e escolhemos, ao nível do poder central, mas também do local, aqueles que nos representam e que decidem por nós.
Pelo voto escolhemos e decidimos as mãos dos homens e mulheres em que colocamos o poder de decidir muito da nossa vida e até da nossa sobrevivência.
Talvez hoje devêssemos todos dedicar um pouco de tempo ao peso das escolhas que fazemos e à importância e o poder do voto democrático.
Talvez seja uma primeira vez, em muito tempo, em que vivemos uma realidade dramática que nos mostra, para o bem e para o mal, a importância do voto e das escolhas que fazemos para nos liderarem.
Naturalmente que todos reconhecemos a relevância do voto, mas acredito ser também claro que, esta guerra que travamos contra a pandemia do COVID-19, nos coloca perante um exemplo limite sobre a importância, a necessidade, de termos sempre os melhores a servirem a nação e o município.
Talvez nos mostre, como em nenhuma outra situação, o poder que colocamos nas mãos de poucos, para decidir sobre a vida de tantos.
Talvez seja revelador da importância, dramaticamente vital, de todos irmos votar. Se assim fizermos, seremos muito mais a decidir e a escolher e, provavelmente, a escolha será sempre melhor.
Devemos isso a Portugal e à nossa terra…. Devemos isso aos homens de Abril…
Devemos isso aos nossos filhos e aos nosso pais e avós.
Muito Obrigado
Nuno BarataLíder de Bancada do PSD na Assembleia Municipal
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Armando Humberto
Líder de Bancada do UPOB na Assembleia Municipal
Abril em Tempos de Pandemia
Comemorar Abril em tempos de pandemia não deixa de ser estranho.
Este confinamento, a que estamos obrigados, faz-nos dar ainda mais valor à liberdade que Abril nos trouxe. A possibilidade de circularmos, de reunirmos, de falarmos, de rirmos, de confraternizarmos, de vivermos a vida em comunidade está hoje seriamente limitada. Não por um regime opressivo, mas por um vírus, que ataca de forma silenciosa e extremamente violenta os que são mais vulneráveis, os mais idosos, aqueles que mais contribuíram para construir o Portugal que temos hoje. Que bom que seria se no dia 25 de abril de 2020 pudéssemos todos ir para a rua e todos juntos pudéssemos derrotar este maldito vírus que nos está a atormentar a vida.
Mas infelizmente a realidade não é essa, e a nossa esperança, reside na ciência, reside no conhecimento, reside na certeza que mais cedo ou mais tarde iremos encontrar uma vacina e um tratamento eficaz para a COVID-19, e este maldito vírus passará para os livros de história como tantos outros passaram. Vírus e ditadores são apenas más memória no baú da história.
Mas Abril trouxe-nos também um regime democrático, consubstanciado num conjunto de instituições a começar pela Presidência da República, pela Assembleia da República, pelo Governo, pelo Poder Local, por partidos políticos, por grupos de cidadãos e por homens e mulheres livres e responsáveis. E a verdade é que o regime democrático, e todos nós cidadãos de Abril, temos dado uma resposta que só nos pode deixar orgulhosos do Portugal de hoje.
Todos temos remado para o mesmo lado, percebendo que aquilo que nos une é muito mais importante que aquilo que nos separa, e que a liberdade de Abril conjuga muito bem com responsabilidade, nomeadamente em tempos difíceis como aqueles que infelizmente atravessamos.
Mas Abril, trouxe-nos também algo muito importante, o Serviço Nacional de Saúde. O Serviço Nacional de Saúde, com os seus médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares e pessoal administrativo, tem sido uma peça chave nesta luta que temos vindo a travar de salvaguarda da vida. Por isto também Abril valeu certamente a pena.
Temos pela frente tempos difíceis, mas a verdade é que aquilo que já passámos, fez mostrar em nós o que de melhor temos, por isso só temos que ter confiança, e todos temos que acreditar que o Portugal de Abril saberá ultrapassar estes tempos difíceis, e um novo tempo virá em que poderemos todos celebrar Abril em festa, sem receios e sem medos, com abraços e muita alegria, pois é assim que Abril e a vida são para ser vividos.Bem Hajam,
Armando Humberto Pinto
Movimento Cívico Oliveirense UPOB