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Cadaveira é uma Aldeia Segura
área de conteúdos (não partilhada)A aldeia da freguesia de Valongo do Vouga está equipada com sistemas de auto-defesa das populações em caso de incêndio
A Aldeia da Cadaveira é um exemplo de auto-proteção contra incêndios rurais e florestais. Este lugar da freguesia de Valongo do Vouga foi apresentado, no sábado, como uma Aldeia Segura, numa cerimónia que contou com a presença de Secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar.
A sessão de apresentação iniciou com um simulacro que colocou à prova o Oficial de Segurança Local, e as populações, e o seu treinamento para agilizar os meios necessários em caso de avistamento de um incêndio. Percorreu o lugar com o seu megafone com um sinal sonoro, avisando do perigo; entrou em contacto com as autoridades e reuniu a população no bloco central da aldeia para as conduzir, em segurança, para o lugar de refúgio, uma habitação previamente definida na aldeia para acolher toda a população. De seguida, sob a orientação das autoridades, foi até ao fumo avistado e depois de extinguido o foco de incêndio, foi autorizado o regresso dos habitantes às suas casas. Teste positivamente superado.
“Todos ficamos com uma noção do que isto pode representar perante os incêndios assustadores que podem passar por aqui”, disse Jorge Almeida, Presidente da Câmara de Águeda, lembrando o histórico que a Cadaveira tem neste tipo de ocorrências, pela sua localização e características. A apresentação do projeto aconteceu no largo onde estava a Capela de Santo Amaro, destruída num incêndio de 1972, em que a aldeia foi fortemente fustigada e do qual se lamenta uma morte. Um ato simbólico de respeito e de validação da importância deste projeto que ajuda as populações mais isoladas, distantes dos centros urbanos e rodeadas de floresta a protegerem-se contra fogos rurais.
O Edil recordou que esta não é a primeira Aldeia Segura do concelho de Águeda. Segue-se a Alcafaz, considerada um dos melhores exemplos nacionais nesta área, num projeto que foi implementado numa relação muito estreita entre as populações, as autarquias, a Autoridade Nacional de Proteção Civil e os bombeiros.
Jorge Almeida sublinhou, ainda, os mecanismos que, localmente e à revelia de projetos nacionais, têm sido adotados e implementados. “Antes de este programa ter sido estabelecido já o Município de Águeda, em algumas aldeias e ainda mais isoladas e muito mais pequenas do que a Cadaveira, tinha a prática de criar estes sistemas de auto-defesa”, disse, exemplificando com as Unidades Locais e Associações de Proteção Civil criadas nas zonas serranas e mais remotas do concelho.
Estas estruturas foram sendo estabelecidas pela necessidade sentida, na sequência da catástrofe de 1986, incêndio florestal onde perderam a vida 16 pessoas (13 bombeiros das corporações de Águeda e Anadia e três civis). Desde então e até ao momento, Águeda tem mais de 100 voluntários, 20 carros pesados de bombeiros nestas estruturas que trabalham em estreita colaboração com os bombeiros.
“Águeda está fortemente marcada nesta história má dos incêndios florestais”, declarou, frisando a importância destes projetos como ação pedagógica para as populações locais, mas essencialmente como meio de proteção e segurança.
No caso da Cadaveira, para além da sinalética que ajuda a população a saber para onde se deslocar em caso de incêndio, e da limpeza florestal (gestão de combustíveis), foram colocados ao redor da aldeia três carretéis de primeira intervenção, com mangueiras para auto-defesa, que podem ser utilizados de forma preventiva e ajudar no combate.
A Secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, lembrou que este projeto tem uma grande dimensão de cidadania e que os 2.233 aglomerados do país que já aderiram à iniciativa são “um número muito expressivo, que só foi possível graças aos portugueses, que acreditaram no projeto, às câmaras e juntas de freguesias que aderiram e à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil que têm feito um trabalho incansável para que a implementação destes projetos seja uma realidade”.
A governante frisou que “a floresta é um dos ativos mais importante que temos no país” e que, por mais que se trabalhem as matérias de prevenção, o “risco zero não existe”, considerando que projetos como este são “o caminho” no sentido de “controlar o impacto que os fenómenos (dos incêndios florestais) têm nas nossas comunidades, pessoas e património”.
Uma proteção que Filipe Falcão, presidente da Junta de Freguesia de Valongo do Vouga, pretende estender a outras localidades da freguesia. “Temos uma componente geográfica nesta freguesia que merece preocupação”, disse, acrescentando que este projeto insere-se na “estratégia de relação de proximidade com as pessoas”. Valongo do Vouga tem atualmente, na Unidade Local de Proteção Civil (ULPC), duas viaturas pesadas e uma ligeira de primeiro combate a incêndios, uma das quais foi “inaugurada” no sábado. Uma viatura que foi adquirida com o apoio da Câmara Municipal e que “torna a ULPC mais capaz”.
Estes projetos, como o da “Aldeia Segura, Pessoas Seguras”, são determinantes para que “as pessoas se sintam mais seguras e protejam melhor o seu património”, disse António Ribeiro, comandante regional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. “Se não conseguimos mudar a floresta, temos que mudar a maneira de preservar a segurança da vida, do património e da floresta, para que não esqueçamos ninguém e ninguém fique para trás”, salientou.