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Dia Mundial da Água assinalado com “um novo sentido para os rios”
área de conteúdos (não partilhada)Projetos como o LIFE Águeda, a renaturalização dos rios e ribeiras do concelho e o plano de drenagem da baixa da cidade entre os exemplos de boas práticas
As intervenções que têm sido implementadas na reabilitação de rios e ribeiras do concelho de Águeda, da sua renaturalização, através da aplicação de técnicas de engenharia de base natural; as medidas realizadas no âmbito do projeto LIFE Águeda de sustentabilidade ambiental; e o plano de drenagem da baixa da cidade foram algumas das medidas desenvolvidas pela Câmara de Águeda apontadas como exemplares no Dia Mundial da Água, assinalado sexta-feira, na Casa dos Rios, em Valongo do Vouga.
Medidas que refletem uma mudança de mentalidades que “nos acompanha e que precisamos fazer”, disse Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal, sublinhando que o trabalho que tem sido feito demonstra que “Águeda está na linha da frente” nesta área.
“Temos um conjunto de grandes projetos, desde logo com o LIFE que envolve muitas linhas de água do nosso concelho; temos o plano de drenagem, que é uma obra de engenharia notável, que já está a ser copiado para outras zonas do país, que percebem que pode funcionar nessas regiões e ficamos muito contentes por sermos pioneiros”, destacou Jorge Almeida, apontando ainda a renaturalização e reabilitação de rios do concelho, de que a ribeira da Aguieira foi “uma pedra no charco” neste tipo de medidas, pela aplicação de técnicas naturais e sustentáveis.
No dia em que se celebrava a água, sob o tema “um novo sentido para os rios”, o Presidente da Câmara de Águeda salientou o facto de “termos da “melhor água de Portugal”, captada no Carvoeiro, que abastece, atualmente, mais de 400 mil pessoas. “Temos o orgulho de pertencer, juntamente com sete outros municípios, a um sistema [Sistema Regional do Carvoeiro] que tem zero incumprimentos, numa água que é permanentemente monitorizada”, disse.
Um caminho de “mudança de paradigma” e de respeito pelas linhas de água, que é “uma coisa relativamente nova” e que de “sítio de despejo” tem sido alvo de uma intervenção cuidada e atenta em todo o concelho, confirmada pelos relatórios ambientais que atestam a qualidade da rede de rios do território.
Dirigindo-se a Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), presente na cerimónia, apontou, porém, alguns desafios que persistem. “Fica a faltar o Rio Cértima. É mais um pedido formal que volto a fazer-lhe. É preciso fazer alguma coisa, porque é demasiado mau para ser verdade”, declarou. É, frisa, “um rio que entra no nosso concelho completamente contaminado e que vai dar à nossa Pateira”.
Sobre a Pateira, Jorge Almeida reiterou a urgência da intervenção de dragagem e a necessidade de apoio para a aquisição de uma nova ceifeira para tratar a problemática dos jacintos.
Pimenta Machado “apontou todos os desafios” lançados por Jorge Almeida e espera “corresponder” em breve. O vice-presidente da APA concordou com todas as necessidades. “Tomei nota dos seus desafios, sobretudo de financiamento. Temos de olhar para o Cértima e para a Pateira, tanto no que respeita à dragagem – estamos a tratar da parte procedimental para financiar – como sobre a ceifeira, que Águeda nos tem apoiado em outras zonas, como no Sorraia e no Tejo”, disse, concordando que é necessário “arranjar uma forma de financiar um novo equipamento”.
Dia da Água celebrado com arte
Em dia de festa, o Dia Mundial da Água foi assinalado com um evento multidisciplinar, onde a arte teve um papel de relevo. A inauguração da escultura “Aquavita” de Regina Frank, localizada no Parque da Boiça, o lançamento nacional de uma música – hino ao rios – composta por Maria Camposinhos, em colaboração com Francisca Mariz, e uma dança performativa por Malgorzata Sus foram os momentos culturais que pontuaram este evento.
Regina Frank salientou que a sua escultura é uma “contemplação sobre o valor da água e da sua relação com o elemento vital que sustenta a vida” e retrata o valor vital de cuidar das águas do corpo humano e do planeta. “São pedras da terra, que simbolicamente representam como todos juntos temos uma força muito grande”, disse, salientando que as cores de algumas linhas simbolizam as linhas de água e as veias do nosso sangue, elementos vitais e valiosos.
Maria Camposinhos apresentou a sua música, “Water flow”, em piano, acompanhada pela flauta (com Miguel Alexandre Teixeira) e pelos sons captados por Francisca Mariz no âmbito de um projeto nacional que descreve “as paisagens sonoras dos rios de Portugal”.
“Este é um projeto que está a dar os primeiros passos e tem por objetivo sistematizar captações sonoras dos rios, riachos, ribeiras, barrancos de Portugal, criando uma base de dados para utilizações múltiplas, que vão desde as artes performativas, composições de vídeos, filmes, investigações científicas, entre outras”, explicou Pedro Teiga, especialista em reabilitação de rios e ribeiras, salientando que a música apresentada na Casa dos Rios “é já um presente resultado”.
Filipe Falcão, Presidente da de Freguesia de Valongo do Vouga, agradeceu a todos os intervenientes que fizeram desta celebração um momento único. “Estamos num parque reconhecidamente importante, porque trabalha estas áreas temáticas, como o ambiente e a água e precisamos todos os dias incentivar e difundir estas mensagens para alterar gestos e atitudes”, disse.