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Inaugurada Cerâmica Rocha
área de conteúdos (não partilhada)Foi inaugurada, esta quarta-feira, 7 de julho, a reabilitação do edifício da antiga Cerâmica Rocha, em Oliveira do Bairro.
Trata-se de um espaço multiusos, “destinado à valorização cultural, artística, económica e educativa do Município de Oliveira do Bairro”, que representou um investimento de cerca de 700 mil euros.
Descerraram a placa de inauguração Duarte Novo, Presidente da Câmara Municipal, Suzana Menezes, Diretora Regional de Cultura do Centro, em representação da Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, e Isabel Damasceno, Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro.
Duarte Novo caracterizou o novo espaço como “único”, que “para além de ser uma mostra da nossa indústria e da nossa cultura, é também uma mostra da nossa dinâmica”.
Segundo o autarca, “o que vemos aqui hoje foi um trabalho de quase pedra a pedra e foi a vontade política e a perícia dos técnicos municipais que permitiram manter dois dos fornos que aqui encontramos, contrariando o que estava planeado no anterior projeto, que previa a sua redução a muros de pequena dimensão”.
Sobre os planos para a utilização do novo equipamento, Duarte Novo afirmou que o espaço, para além da vertente cultural e histórica, vai também permitir uma aposta na “investigação, na formação e capacitação e no desenvolvimento do nosso tecido industrial”.
Isabel Damasceno, Presidente da CCDR Centro, destacou que este foi um projeto financiado através do Programa Operacional do Centro e que se trata de uma “verba bem aplicada”. Sobre o novo equipamento, Isabel Damasceno descreveu-o como “algo que é de uma riqueza extraordinária, do ponto de vista da arqueologia industrial, uma arqueologia recente, que guarda aqui memórias, a cultura, a história, enfim, a prática de uma região”. “As pessoas que não preservam a história e o passado têm alguma dificuldade em encarar com frontalidade e com força o futuro”, acrescentou.
Suzana Menezes, Diretora Regional de Cultura do Centro, em representação da Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, felicitou o Município e o Presidente da Câmara “pela visão e oportunidade deste projeto (…) que poderá ser, em breve, uma referência no domínio cultural e criativo, porque contribuirá para a capacitação da sua comunidade, através de uma programação cultural contínua e robusta, que irá, por certo, estabelecer pontes com outras instituições já de referência em Oliveira do Bairro, gerando conhecimento, inovação e máxima crítica e incentivando processos colaborativos e uma nova cultura de território”.
Dirigindo-se ao Presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, Suzana Menezes declarou que o Município “terá a Direção Regional da Cultura absolutamente do seu lado, para podermos vivificar este espaço que hoje nasce”.
Na visita ao espaço, os convidados apreciaram uma parte do espólio de peças de cerâmica em tijolo e grés produzidas na antiga fábrica da Cerâmica Rocha, em diversos períodos da sua atividade, bem como a exposição itinerante "Cerâmica Portuguesa", da APTCVC - Associação Portuguesa de Cidades e Vilas Cerâmicas.
Esta exposição reúne um conjunto de 36 peças, dos 18 municípios que integram a associação, que visa ilustrar a riqueza e diversidade do que se faz em Portugal no que diz respeito à cerâmica.
Recorde-se que o Município de Oliveira do Bairro aderiu em 2020 à Associação Portuguesa de Cidades e Vilas Cerâmicas, uma rede de parceiros na área da cerâmica, potenciadora do intercâmbio de experiências e conhecimentos, vitais para a preservação e conservação desse património.
Sobre o edifício da Cerâmica Rocha
O histórico edifício da Cerâmica Rocha, um dos grandes exemplos da arquitetura industrial do início do séc. XX na Região da Bairrada, totalmente construído em tijolo maciço de barro vermelho, em 1902, manteve a sua atividade até ao início da década de 90 do século passado, como fábrica de cerâmica e grés.
Localizado junto à Estação de Caminhos de Ferro de Oliveira do Bairro, tendo em conta as suas acessibilidades, ali eram produzidas manilhas de grés, botijas, ornamentos para os cumes e beirados das casas, vasos e tijolos para jardim, tubos para drenagem, tijolaria vermelha maciça e vazada e material sanitários, entre outros tipos de peças e material.
Instalado numa zona mais elevada do arruamento, o edifício assume enorme protagonismo sobre o interface ferroviária da Linha do Norte, por onde passam, diariamente, centenas de pessoas dos mais diversos pontos do país.
O edifício sobreviveu a um incêndio que deflagrou nos antigos escritórios, em 1992, e que causou danos severos no telhado. Ao abandono durante vários anos, as instalações foram adquiridas pela autarquia, em 2001.
Sobre a intervenção
Dado o seu avançado estado de deterioração, com a ameaça de iminente colapso da estrutura de apoio da cobertura e da fachada principal, colocando em perigo os transeuntes e a circulação automóvel e o acesso à Estação Ferroviária, o Município de Oliveira do Bairro considerou prioritária a requalificação de toda a área em ruínas.
Em meados de 2018, arrancou a empreitada de Reabilitação do edifício da antiga Cerâmica Rocha, com o objetivo de preservar o que ainda restava da fábrica, principalmente os seus fornos e chaminés centenárias, de forma a serem admirados pelo público em geral, permitindo a sua valorização futura.
O investimento do Município de Oliveira do Bairro, de cerca de 700 mil euros, contou com uma comparticipação de 85% de fundos comunitários, no âmbito do quadro comunitário Portugal 2020.